Morte Humanitária
O uso da pistola pneumática, que se assemelha a uma furadeira e ejeta um cano de 15cm de comprimento, a 120km/h, no topo da cabeça do animal a ser morto e destrói parte de seu cérebro fazendo com que ele perca a consciência pro abate não é uma forma menos cruel ou humanitária de matá-lo, simplesmente porque não existe uma forma humanitária de matar um ser vivo que sinta dores e sensações e tenha instintos de sobrevivência como os humanos e os animais têm que os fazem lutar por sua vida.
O atordoamento, entretanto, pode ser feito por métodos mecânicos ou concussão (penetrativos: pistola com dardo cativo, pistola pneumática, cartucho de explosão; não-penetrativo: pistola com dardo de percussão), método elétrico ou eletronarcose (uso de corrente elétrica que atravessa o cérebro do animal), método de exposição à atmosfera controlada (os animais são expostos a uma atmosfera com CO2 ou uma mistura do mesmo com outros gases).
O abate também pode ser feito pelo método kasher, comum entre os judeus, em que o animal é degolado sem atordoamento prévio e então mais cortes são feitos para a máxima remoção de sangue. No método mais utilizado no Brasil, o animal é levado à uma sala em que permanece de cabeça para baixo, após o atordoamento, pendurado por uma pata, para ser degolado. Após isso, são direcionados à retirada de couro/penas, pele e cabeça, para assim serem feitos os cortes da carne. As aves são penduradas de cabeça para baixo numa esteira e seus pescoços são cortados por uma máquina cortante. As formas de abate são diversas e todas crueis. Algumas fazendas utilizam ainda métodos arcaicos; outras, métodos mais modernos, porque são fáceis e podem ser "mecanizados", fazendo com que os abates sejam mais rápidos e numerosos.
A crença de quanto menos dor é oferecida ao animal mais humanitário é o abate não possui fundamento na questão moral. Tirar a vida de outro nunca será aceito no código moral da sociedade como um todo. Para entender isso, é fácil: imagine que você possa matar seu cachorro, gato ou qualquer outro pet, ou ainda uma criança que está o causando frustração num momento em que você só deseja algumas horas de paz — mesmo podendo, você irá os matar? Não. Se você o fizer, será considerado um psicopata. Vem aí a pergunta: "se ama um, por que mata o outro?". Os humanos não estão no topo da cadeia alimentar nem são superiores aos outros seres.
As diversas culturas existentes impõem um código moral diferente, mas, aqui, baseio-me na cultura ocidental e no que considero correto; contudo, matar [sem motivo aparente ou justificável] nunca será visto como algo aceitável por toda a população, independente de onde for, porque a divergência à cultura está presente em todos os cantos do globo.
Os animais não querem morrer e não foram feitos para aprazer o paladar do homem. Eles sentem dor e emoções, reagem à violência e possuem instintos para sobreviver. A vaca, quando é separada de seu filhote, muge por dias pela perda do próprio filho. É burro dizer que eles não sentem nada ou não sabem da situação em que se encontram. Nascem e crescem numa situação precária, sofrendo todos os dias. Comer carne é luxúria, egoísmo.
É comum, também, que mencionem a eutanásia animal à questão. De acordo com o § 1º do art. 14 da Lei nº 11.794, de 2008, a eutanásia animal é permitida em caso de sofrimento ou dor que não podem ser atenuados através de remédios ou que não possuam socorro, diferente do caso dos animais de abate. Oferecer eutanásia a animais saudáveis não é viável, visto que eles não possuam motivo algum para serem mortos; também é impossível financeiramente, visto que a eutanásia custa em torno de R$300. O método de abate atual é o mais barato e "humano" que encontraram — e não é nem um pouco necessário.
Ainda existem os animais de fazenda orgânica, que, apesar de viverem ao ar livre, têm o mesmo destino dos outros que vivem enjaulados ou entre cercas e grades. Não há maneira correta de se fazer algo errado. Peguemos o exemplo de um serial killer, Jeffrey Dahmer, que drogava suas vítimas antes de matá-las — se o indivíduo não sofre para morrer, isso faz do assassinato um ato menos cruel ou simplesmente humano? A mesma pergunta também se encaixa aos animais. Um boi não é menos que um cachorro e, por conseguinte, eles não são menos merecedores de direitos do que um humano.
A violência causa repulsa, a empatia nos traz um senso de comunidade que nos impede de matar uns aos outros. Existem leis, existe a moral — e elas não deveriam ser dedicadas tão especialmente ao homem.
Nós não precisamos de carne e não devemos nos acomodar à rotina de comê-la todos os dias porque é o que nossos pais, avós e bisavós comem ou comiam. Se as pessoas à sua volta não mudam, esse é mais um motivo para que você tome iniciativa. O coletivo é formado por indivíduos, e graças ao coletivo vegano todos os anos diversas lanchonetes veganas estão abrindo, assim como pecuaristas estão fechando suas fazendas. Está estimado que em torno de 20.000 pessoas se juntem em eventos veganos da TOARM (The Official Animal Rights March — A Marcha Oficial aos Direitos dos Animais) em diversos países. Nós só estamos crescendo e de fato estamos fazendo as coisas mudarem.
Veja mais em:
- http://ifmtsaudeebemestar.blogspot.com/2011/06/abate-de-bovinos.html
- http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/XnShy1O85glI6Lr_2015-11-27-12-20-40.pdf
- https://pt.wikipedia.org/wiki/Eutanásia_em_animais
- https://www.infoescola.com/zootecnia/insensibilizacao-de-animais-de-abate/
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