O tal do soft veganismo

Recentemente, uma postagem de um rapaz se tornou um meme porque o mesmo alegava ser soft vegan, um vegano "de leve", que come carne aqui e ali, e que também reclamava de não ser aceito na comunidade vegana.
O mundo está cheio de soft-vegans e, analisando um pouquinho, se encontra o motivo para tal. O veganismo ganhou, sim, um ponto no hype, ou na moda, principalmente no meio adolescente e jovem adulto. Não se entende bem o sinônimo das coisas e elas se reproduzem de forma errônea por conta da grande divulgação das mesmas, o que se enquadra a diversos âmbitos. Por causa disso, também, ganhamos ódio de plantão e uns apelidos, como "elitista", e tudo se deve a desentendimentos ocasionados da má interpretação ou má visualização. A falta de pesquisa feriu e fere diversas lutas sociais. Mas por que alegar ser algo que não é a fim de pertencer a determinado grupo? Se deseja ser vegano, por que ainda come carne? Não adianta ofuscar o significado do termo para satisfazer os próprios gostos, né?
Um outro motivo é acreditar que o corpo "pede" por algum alimento, como se o desejo por x justificasse sua ingestão. Por exemplo [hipotético], eu sou vegana, sinto vontade de comer pão de queijo e por isso o compro e o como, amanhã já volto ao veganismo como se nada tivesse acontecido. De contraste a essa justificativa, vamos a outro exemplo: sinto vontade de comer carne humana, especificamente de uma criança, então a sequestro, a mato e a como, sanando minha vontade — mas eu não sou canibal!, sou soft canibal, é diferente.
O corpo não pede somente o que é necessário a ele. Com o paladar viciado, muito menos. Existem dias em que sinto vontade de comer 1kg de chocolate, e isso é benéfico? O que também pode acontecer com álcool, cigarro, queijos, carnes etc. Todos viciantes. Quando algo vicia, o corpo não questiona se aquilo é saudável ou não, porque ele sente os hormônios bonzinhos se alastrarem, então não é visto como um problema. Noutros dias, sinto vontade de comer brócolis, ou de beber água, ou de tomar um suco verde. Às vezes o corpo pede, sim, por algo, mas é sutil e é preciso uma atenção ao próprio corpo gigantesca que dificilmente chegamos a possuir. A memória do paladar mexe com nossas emoções e nos faz acreditar que é necessário contribuir com sua vontade, mas não é. Pensando mais um pouco nesse desejo, deixando ele passar, conseguimos notar que ele é só mais algo transitório e que não é necessário ir correndo até uma padaria comprar um pão de queijo, ou no açougue comprar um bife. Justificar um desejo é autossabotagem, viu? Se você é vegano e sente falta de carnes ou laticínios, eu entendo, mas a constante memória da causa é fundamental para que isso não ocorra — o nojo desses alimentos é mais comum e isso se dá por uma noção constante do porquê se está lutando.
Uma forma de auxiliar para que soft vegans já não apareçam? Divulguem o veganismo corretamente e, se vir alguém errando, só corrigir devidamente. Não sejamos soft vegans.

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